
617 mil pessoas perdem acesso a convênios médicos

05 de maio / 2016
Jornais e Revistas
Correio Braziliense – 03/05/2016
617 mil consumidores perderam o plano de saúde apenas no primeiro trimestre de 2016. Muitos desses consumidores perderam o plano de saúde junto com o emprego e não encontram outras opções de contratação. O advogado Rodrigo Araújo, sócio da Araújo, Conforti e Jonhsson – Advogados Associados, foi entrevistado pelo jornal Correio Braziliense e criticou o fato de a ANS não exigir que as operadoras de saúde disponibilizem uma oferta mínima de produtos voltados para pessoas físicas.
Fonte: Jornal Correio Braziliense – 03/05/2016
Os planos de saúde perderam 617,4 mil usuários apenas no primeiro trimestre de 2016. Desse total, 76% deixaram de pagar as mensalidades devido ao desemprego, que atingiu 10,9% da população ativa no mesmo período, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O número, divulgado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) já é quase equivalente ao acumulado em todo o ano de 2015, quando 766 mil pessoas tiveram que desistir da assistência médica privada.
Essa é a maior queda desde 2000, quando a agência começou a apurar os dados do setor. “É um número muito expressivo, superou todas as nossas expectativas. A relação com o desemprego é evidente, pois o planos empresariais respondem pela maior parte dos contratos no Brasil”, comentou o diretor executivo da Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abrange), Antonio Carlos Abbatepaolo.
Em março, havia no país 48,8 milhões de participantes de convênios médicos, sendo 32,4 milhões de planos empresariais. No ano passado, apesar da perda de clientes, o setor de planos de saúde registrou receita de R$ 142,3 milhões, o que representou uma alta de 11,21% em comparação a 2014.
Paciência
A estudante Tuíla Rodrigues da Silva Santos, 26 anos, está entre as centenas de milhares de brasileiros que perderam o acesso a serviços privados, devido ao rompimento do vínculo empregatício. “Ter acesso a um plano de saúde é muito bom, aproveitei para fazer consultas e exames que nunca tinha feito na vida”, lembrou. O convênio, vinculado a um sindicato, ofereceu a ela serviços a um preço mais em conta. Agora, Tuíla não tem condições de contratar outro plano. “Todos são bem caros, sem o desconto que eu tinha. “Parei de cuidar um pouco da saúde, pois o atendimento na rede pública demora, tem que ter paciência”, lamentou.
Como desemprego em alta, a tendência é de que o número de pessoas sem acesso aos serviços privados continue crescendo. “Isso significa que mais pessoas vão precisar contar com o Sistema Único de Saúde, que apresenta sinais evidentes de falhas graves, impossibilidade de procedimentos e longos prazos de espera para marcação de consultas e exames”, destacou Rodrigo Araújo, advogado especialista em planos de saúde. Segundo ele, as pessoas estão ficando sem opções, pois é difícil encontrar empresas que ofereçam planos individuais ou familiares. “A inexistência de um numero mínimo desse tipo de contrato nas operadoras evidencia uma falha da ANS”, ressaltou Araújo.
No segmento de planos odontológicos, 274,3 mil pessoas deixaram de ter o benefício nos três primeiros meses deste ano. O segmento chegou a março com 21,6 milhões de usuários, um recuo de 1,3% em relação ao último trimestre de 2015. “Apesar de não ter crescido muito no ano passado, é a primeira vez que registramos uma queda nessa área”, ressaltou Abbatepaolo.
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